O meu lateral já tem um Porsche
No terreno de jogo, por melhor que jogue, quando uma equipa tem a bola, o passo seguinte é, mais tarde ou mais cedo, perde-la. O extremo só pode desequilibrar a atacar, se atrás estiver o lateral para equilibrar...
Conta Angel Cappa em “E o futebol, onde está?” que quando Tano Rizzo, seu velho amigo, o veio visitar a Espanha em meados dos anos 90, houve uma noite, ao chegar para jantar, em que parecia ter visto um extraterrestre. -“Amigo, estive esta tarde na Cidade Desportiva do Real Madrid e, nem vais acreditar, vi Panucci a sair do treino num Porsche!”, disse ainda incrédulo. -“Sim, e depois?”, perguntaram todos. -“E depois? Se até os laterais já têm Porsches, então o futebol está mesmo perdido!”, sentenciou. Mais do que outro país, o velho Rizzo vinha de outro tempo. Quando o futebol era dos avançados e os jogos eram decididos só quando se tinha a bola e atacava. Por isso, custava-lhe a admitir que os defesas pudessem roubar o protagonismo, e os melhores carros, aos avançados. A inevitabilidade do jogo moderno é, no entanto, outra. Em campo, quando uma equipa tem a bola, o passo seguinte é, mais tarde ou mais cedo, perde-la. A excepção será, claro, quando a jogada termina em golo, mas isso, como se compreende, é a excepção durante os 90 minutos. Na maioria das vezes, perde-a para o adversário. Tal sucede em dezenas de ocasiões ao longo do jogo. Por isso, a importância capital de saber reagir a essa perda e saber jogar sem bola. Em geral, por passaram mais tempo sem ela, as equipas mais pequenas preparam-se melhor antes do jogo para viver sem a bola, para reagir a essa perda. Quando estão em posse, contemplam o momento da perda de forma mais intensa. Pelo contrário, as grandes equipas treinam mais o momento de posse. O futebol de top não perdoa, no entanto, estas diferenças de atitude nos distintos momentos do jogo. Como no ataque as capacidades muitas vezes se equivalem, é na maior ou menor velocidade de reacção posicional á perda da bola que está, quase sempre, a decisão táctica de um jogo. Esta semana, regressam as grandes Ligas europeias. Na primeira a arrancar, em França, mora uma das equipas que, na dimensão internacional, melhor exemplificam esse dilema: o Lyon. Nenhum outro onze recebeu, nas últimas épocas, maiores elogios ao futebol praticado. Seis títulos de campeão francês consecutivos. Nunca passou, no entanto, dos quartos-de-final da Champions. Revendo laboratorialmente os seus jogos, observa-se que esse enigma reside no facto de, ao entrar em campo, faltar-lhe a tal consciência de que, na maior parte das vezes, todo aquele seu plano sedutor de futebol ofensivo vai acabar com a bola nos pés do adversário. Um dos aspectos fundamentais para pensar assim é nas faixas. O extremo só pode desequilibrar a atacar, se atrás estiver o lateral para equilibrar. Por isso, os recuperadores, e os laterais, também podem ter carros de alta cilindrada. Nada mais justo.
No terreno de jogo, por melhor que jogue, quando uma equipa tem a bola, o passo seguinte é, mais tarde ou mais cedo, perde-la. O extremo só pode desequilibrar a atacar, se atrás estiver o lateral para equilibrar...
Conta Angel Cappa em “E o futebol, onde está?” que quando Tano Rizzo, seu velho amigo, o veio visitar a Espanha em meados dos anos 90, houve uma noite, ao chegar para jantar, em que parecia ter visto um extraterrestre. -“Amigo, estive esta tarde na Cidade Desportiva do Real Madrid e, nem vais acreditar, vi Panucci a sair do treino num Porsche!”, disse ainda incrédulo. -“Sim, e depois?”, perguntaram todos. -“E depois? Se até os laterais já têm Porsches, então o futebol está mesmo perdido!”, sentenciou. Mais do que outro país, o velho Rizzo vinha de outro tempo. Quando o futebol era dos avançados e os jogos eram decididos só quando se tinha a bola e atacava. Por isso, custava-lhe a admitir que os defesas pudessem roubar o protagonismo, e os melhores carros, aos avançados. A inevitabilidade do jogo moderno é, no entanto, outra. Em campo, quando uma equipa tem a bola, o passo seguinte é, mais tarde ou mais cedo, perde-la. A excepção será, claro, quando a jogada termina em golo, mas isso, como se compreende, é a excepção durante os 90 minutos. Na maioria das vezes, perde-a para o adversário. Tal sucede em dezenas de ocasiões ao longo do jogo. Por isso, a importância capital de saber reagir a essa perda e saber jogar sem bola. Em geral, por passaram mais tempo sem ela, as equipas mais pequenas preparam-se melhor antes do jogo para viver sem a bola, para reagir a essa perda. Quando estão em posse, contemplam o momento da perda de forma mais intensa. Pelo contrário, as grandes equipas treinam mais o momento de posse. O futebol de top não perdoa, no entanto, estas diferenças de atitude nos distintos momentos do jogo. Como no ataque as capacidades muitas vezes se equivalem, é na maior ou menor velocidade de reacção posicional á perda da bola que está, quase sempre, a decisão táctica de um jogo. Esta semana, regressam as grandes Ligas europeias. Na primeira a arrancar, em França, mora uma das equipas que, na dimensão internacional, melhor exemplificam esse dilema: o Lyon. Nenhum outro onze recebeu, nas últimas épocas, maiores elogios ao futebol praticado. Seis títulos de campeão francês consecutivos. Nunca passou, no entanto, dos quartos-de-final da Champions. Revendo laboratorialmente os seus jogos, observa-se que esse enigma reside no facto de, ao entrar em campo, faltar-lhe a tal consciência de que, na maior parte das vezes, todo aquele seu plano sedutor de futebol ofensivo vai acabar com a bola nos pés do adversário. Um dos aspectos fundamentais para pensar assim é nas faixas. O extremo só pode desequilibrar a atacar, se atrás estiver o lateral para equilibrar. Por isso, os recuperadores, e os laterais, também podem ter carros de alta cilindrada. Nada mais justo.
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